terça-feira, 12 de março de 2013

[Fanfic]O Abominável Cavaleiro das Trevas -Capítulo 2 Amor?



  Chego em casa, só consigo pensar nele, não sai da minha cabeça, vou para o chuveiro e preciso me masturbar diversas vezes pensando naquele corpo até conseguir acalmar meu espírito. Desabo na cama, já quase manhã, amanhã o dia será puxado, muita burocracia, o tipo de trabalho que é fácil para o corpo, mas corrói a mente lentamente, minha vida diurna me mata aos poucos, minha vontade é de assumir a capa e viver exclusivamente para ela, mas isso não é possível, então preciso encarar a monotonia para poder existir durante a noite como caçador dos vilões.
  Meu dia previsível é monótono como eu sabia que seria, como eu sempre soube que seria. Papéis, gente bajuladora, reuniões, mulheres se oferecendo, como sempre. Preciso de cada vez mais tempo entre meus compromissos para respirar um pouco de liberdade, para pensar nele. A sua atitude atrevida não sai da minha cabeça, em todos esses meses de combate ao crime como vigilante mascarado ninguém jamais havia me enfrentado com o olhar, ninguém teve a coragem até então, pensar que um putinho como aqueles tem coragem para fazê-lo me deixa louco de desejo.
  Interrompem-me, um dos meus assistentes, preciso ir até uma das novas fábricas, nada realmente necessário, só mais uma prova de boa vontade, não entendo como esses pobres têm tanta necessidade de verem pessoas ricas em inaugurações, eles deveriam ficar felizes pela oportunidade de ganharem novos empregos e deixar nós ricos em nosso mundinho, sem a necessidade de mistura, sem precisar respirar o mesmo ar.
  Coletiva de imprensa, preciso cortar a faixa com uma tesoura dourada e inaugurar a fábrica. Peço à modelo/atriz/apresentadora do momento que está me acompanhando esse dia para fazer as honras para mim. Todos estão empolgados com a nova aventura amorosa do homem mais rico dessa cidade com a famosa do momento, parece que só eu sinto tédio.
  Os funcionários que faziam multidão com suas famílias começam a entrar, a multidão se dispersa e reconheço um rosto na multidão. É ele! Minha garganta seca e meu coração começa a palpitar, não pareço um homem de 32 anos senhor de si e de mais da metade da cidade, pareço um adolescente angustiado por uma paixão platônica. Dessa vez ele parece mais frágil, tem algumas crianças com ele, serão irmãzinhos? Será que ele se vendia para sustentar a família? Nunca consegui enxergar esse tipo de pessoa como seres humanos capazes de gestos nobres, para mim eles só existiam em obras de ficção de autores que tiveram tudo na juventude e se apaixonaram pela pobreza. Se tem um tipo de pessoa que eu desprezo são os riquinhos apaixonados pela pobreza, mimados que nunca passaram por dificuldade na vida e glorificam gente que vive como gado, a pior escória que existe.
  Quero saber mais sobre ele, mas não posso confiar em ninguém para descobrir, olho na direção dele, ele não me nota, as suas roupas são completamente diferentes das que trajava na noite passada, hoje ele está vestindo jeans baratos e confortáveis, camisa xadrez e um colete barato para se proteger do frio, parece mais velho e maduro do que parecia na noite anterior quando tentava parecer sexy, eu o acho mais interessante do jeito que está vestido agora.
  Controlo meus impulsos ao mesmo tempo em que o chefe dos meus seguranças solicita que eu me dirija a uma das saídas de emergência, não é bom ficar muito próximo do povo, sempre há aqueles que atentam contra a vida dos ricos, eles acham que nós os exploramos, eu penso que sem nós eles não seriam nada além de sujeira, essa gente precisa ser explorada porque não consegue viver por conta própria. São só gado, não sabem viver sem ter alguém que lhes pastoreie, precisam viver sob rígidas regras, por isso precisam de chefes, professores e religião.
  Sei o que quero fazer essa noite, mas não sei se tenho coragem, isso me espanta, sempre fui um homem assertivo que corria atrás daquilo que queria, penso comigo mesmo que se eu não for atrás do que quero agora talvez eu não consiga mais, assim que o pai do putinho começar a fazer algum dinheiro ele deve largar a rua, talvez não o faça, vá saber, talvez esse tipo de gente exerça esse tipo de ofício por livre e espontânea vontade, gostam de ser baixos.
  Não sei como lidar com esses sentimentos dentro de mim, sempre gostei de bater nos vermes das ruas, mas nunca me senti atraído por um deles. É difícil conter essas coisas dentro de mim, são novos sentimentos, sempre me contentei em espancar canalhas, meu desejo sempre se satisfez com porradas, nunca senti a necessidade de fazer sexo real com outro home, mas dessa vez é diferente, meu corpo deseja outra coisa.
 
  O resto do dia passa devagar, a madrugada está demorando mais a chegar do que de costume, ela sempre demorou, mas dessa vez é absurdo, para tentar me acalmar me masturbo compulsivamente, mas dessa vez minha mão não é o suficiente, nenhuma vadia oferecida seria o suficiente, sei muito bem o que quero.
  Sou consumido pelo desejo: baixo, imundo e vil, me surpreendo com ele. Quero possuí-lo de diversas maneiras, quero devorá-lo, penetrá-lo de diversas maneiras, com carinho, cheio de ternura, para depois amarrá-lo e vendá-lo e Sr o mais cruel dos carrascos, quero tê-lo inteiro só para mim, como se fosse uma propriedade, não quero dividi-lo com ninguém, sinto nojo de mim mesmo.
  A dúvida me consome. Como eu devo abordá-lo? Devo abordá-lo? Devo ser eu mesmo ou vestir a pele do personagem? Devo ser o cavaleiro das trevas que pune os criminosos? Não estaria conspurcando a santidade do meu traje de vigilante ao sair com ele para caçar um prostituto? Por algum motivo essa ideia me excita ainda mais e eu me fantasio devorando o catamita vestindo a secreta indumentária do paladino contra o crime, o vigilante devorando o marginal, a volúpia me toma e eu não consigo pensar em outra coisa.
  Meus empregados fingem não perceber, mas eu noto que eles estão me achando estranho, sempre que eles me acham esquisito e isso nunca me incomodou, eles me acham estranho e eu os vejo como seres inferiores, é um bom negócio, é a lei natural das coisas, eles devem me enxergar como uma forma intermediária entre Deus e homem, como um homem com os poderes de um Deus real nesse mundo, alguém capaz de tornar a vida deles melhor ou um inferno dependendo de seus caprichos, uma pessoa que não deve ser contrariada ou confrontada e para mim eles ferramentas que me permitem acessar o meu poder e continuar controlando essa existência.
  Meu mordomo pode fingir ser uma muralha impenetrável, uma espécie de autômato britânico sem emoções pessoais, mas ele cuida de mim desde a infância, desde que meus pais foram assassinados, então eu sei ler os pequenos sinais que ele não percebe enviar, sua recusa em me encarar nos olhos, ele sabe que eu estou passando por alguma coisa, não importa! O que ele pensa ou deixa de pensar é problema apenas dele. Ele já passou da idade de se aposentar, mas jamais consegui encontrar alguém parecido com ele, não há ninguém em quem eu possa confiar de maneira tão aberta e plena, não há como substituí-lo, então eu o pago cada vez mais e mais, mas sei que alguma hora terei de deixá-lo se aposentar, meu problema é quem irá substituí-lo, mas esse problema pode aguardar, agora eu tenho um problema muito mais urgente, meu corpo tem uma necessidade mais imediata que precisa ser saciada.
  Desço para a minha caverna secreta, já passa da meia-noite, perfeito! Realizo meu ritual quase diário, minha liturgia particular para vestir a batina do vigilante, realizar reparos em quaisquer danos que meu equipamento de combate ou meu veículo da justiça possam ter sofrido.
  Parto para a noite. Dirijo pela cidade, sondo as ruas em busca do crime, espanco um ou outro criminoso barato, mas não tem graça, não é isso que eu quero de verdade. Passo em frente à esquina em que o vi na noite passada, mas não vejo ninguém, será que ele já se aposentou? Será que ele está atendendo alguém? A ideia me revolta, mas ao mesmo tempo me excita. Perscruto as ruas em procura, vejo outros michês, nenhum me interessa, eu procuro um específico, já são quase três horas da manhã quando já havia espancado sem muita emoção uns quatro bandidos quando o vejo, perto do local da noite passada...
  Eu gelo, digo para mim mesmo que sou patético, mas fico rodando várias vezes e passo em frente ao rapaz pelo menos umas três vezes antes de parar. Respiro fundo, me controlo, me lembro de quem sou, minha indumentária me dá poder e também a confiança para fazer o que preciso fazer.
  Abaixo o vidro, ele me encara, eu o encaro de volta, ele está vestido com a mesma calça de ontem e com uma camiseta regata branca transparente, consigo ver seus mamilos excitados através da roupa transparente. Ele me parece ainda mais delicioso, baixo, vulgar, mas ainda assim tem uma qualidade divina, quase santa, como se a imundice e a vulgaridade o santificassem de alguma forma inexplicável. Abro a porta do carro que se levanta faço um gesto rápido com a cabeça para ele entrar, ele entra sem medo. Esse gesto me surpreende, ele sabe que eu sou o vigilante mascarado e não tem medo de mim. Ele fica me encarando esperando que eu diga a primeira palavra, mas apenas fecho a porta do carro apertando um botão do painel e começo a rodar.Tento manter a vista na pista enquanto ele fica me encarando com olhos inquisidores, mas é difícil, requer muita força não encará-lo de volta.
  Depois de rodar por quase um minuto sinto que preciso falar alguma coisa. Pergunto:
  - ... Quanto? – Digo com voz firme, sem demonstrar o desespero que há dentro de mim.
  Ele me encara, seus olhos castanhos são penetrantes e me olha como quem está decifrando alguma coisa não muito difícil, ele coloca a mão em cima do volume onde estaria meu pênis, mas ele pode sentir apenas a armadura de metal, mesmo assim ele alisa a armadura e eu sinto como se ele estivesse tocando a minha alma.
  - Hmmm... Você? Para você é mais caro. – Diz com uma voz perfeitamente equilibrada entre a masculinidade e a sedução, eu esperava uma voz mais fina, mais infantil, mais afeminada, mas a voz é perfeita assim como tudo o que vejo.
  - Quanto? – Repito secamente, não dou muita confiança. Ao rapaz.
  - Para você são xxxx. – Diz ele com um sorriso maroto, com o charme de um garoto levado que acabou de ser pego no flagra e tenta usar seu poder de sedução para aliviar a sua situação, o sorriso levemente esnobe me mata.
  A quantia me soa ridiculamente baixa. Como um ser humano pode achar que está cobrando caro se vendendo por uma quantia tão baixa? Já gastei muito mais do que isso, já gastei cinquenta vezes mais do que isso em um vinho incomum para agradar uma vadia que eu não desejava de verdade, mas a situação toda é altamente erótica e eu quero jogar um pouco. Esse jogo me parece muito mais interessante do que todos os outros que eu joguei hoje.
  - Tudo isso? Que tal xxxx? – Proponho a metade do valor que ele havia pedido.
  Ele parece inseguro, percebo que o valor é muito alto para ele, mas depois de um breve momento ele recobra a segurança e diz.
  - Não, Sr. XXXXX, para o senhor o valor é xxxx, sem negociação, eu sei que isso é uma pechincha para o senhor, o senhor não quer explorar mais os pobres, quer? O senhor sabe que é um valor justo, tanto para mim quanto para você.
  Eu congelo. Como ele sabe meu nome? De repente é como se tudo virasse de cabeça pra baixo, meu mundo está destruído, minha boca está seca e eu tenho uma tosse engasgada no fundo da garganta.
  - Vamos, Sr.XXXXX, eu sei que o senhor quer fechar o negócio comigo, percebi que o senhor passou de carro três vezes pelo meu ponto antes de ter coragem de falar comigo e imagino que tenha passado mais vezes ainda antes de eu ter chegado aqui. Eu percebi como o senhor me desejou ontem a noite enquanto estava surrando aqueles pobres-diabos.
  Retomando o auto-controle sou capaz de finalmente arranjar as palavras em uma ordem que faça sentido, digo com a voz na mais tão segura e um pouco falha, como se fosse um adolescente:
  - Você está enganado, eu não sou XXXXX.
  Ele me olha como se eu fosse uma criança pega no flagra e estivesse inventando uma desculpa qualquer e diz um tanto quanto condescendente.
  - Ah, eu vi o senhor hoje cedo na inauguração da fábrica, no momento em que o senhor percebeu que eu estava lá não conseguiu tirar os olhos de mim. Na verdade até me senti lisonjeado.
  - Não sei do que você está falando. – Respondo arisco, sem me arriscar a inventar desculpas.
  - Vamos cortar essa conversa, um monte de gente como o senhor procura pelos meus séricos, não há nada do que se envergonhar. Meu serviço é extremamente confidencial, pode confiar em mim. – Ele diz como se fosse a coisa mais natural do mundo.
  - Eu realmente não sei do que você está falando. – Digo eu novamente, visivelmente perturbado com a petulância do rapaz de ir direto ao ponto. É como se eu estivesse nu, pior é como se tivesse pobre e toda a cidade apontasse para mim e risse da minha desgraça.
  Ele fica quieto, com cara de entediado, não fala nada, eu também não tenho nada para falar. Ficamos rodando pela cidade até eu me recompor. Meu desejo sexual se foi completamente.
  - Bem... – Ele diz quebrando o momento de tensão. – Mesmo se o senhor não for usar meus serviços eu vou precisar do meu pagamento, nós já estamos rodando há quase meia hora e com esse tempo eu certamente conseguiria fazer algum dinheiro. Não é justo atrapalhar um rapaz honesto de ganhar o pão para a sua família. O senhor viu a minha família hoje cedo, eu tenho muitas bocas para sustentar e meu pai ainda não começou a receber, crianças precisam de muita comida, de muitas coisas, eu não posso ficar aqui conversando com o senhor fantasiado.
  São tantas coisas diferentes passando pela minha cabeça que eu nem sei por onde começar, se eu me explico, se eu pergunto... O que eu devo fazer? Matar esse garoto? Não, eu não sou um assassino e ainda o desejo apesar de não estar mais no clima para o sexo nesse exato momento. De alguma forma eu consigo dizer:
  - Você vai ser pago, no seu devido tempo, mas nós vamos ter que conversar primeiro.
  - Tudo bem, mas espero ser pago de acordo com o tempo que levar essa conversa, nem todos nós podemos nos dar ao luxo de se fantasiar e sair pela madrugada espancando bandidinhos de quinta. Alguns de nós ainda precisam ganhar a vida.
  - Você já disse isso. – Respondo seco. Isso me dói um pouco porque no fundo eu o desejo e não quero ter conversas agressivas com ele.
  - Como você percebeu isso? Digo, como você notou? – Eu pergunto, sem mais máscaras, só a verdade.
  - Eu poderia mentir, dizer que foi pelo seu olhar e inventar uma história fajuta e tentar dar um golpe em você, mas vou ser bem direto. Seu “segredo” não é tão secreto assim. No submundo rola um boato de que XXXXX XXXXX se cansou de apenas explorar a força de trabalho alheia e resolveu começar a punir bandidos por conta própria. De que outra forma se explicaria uma criatura que espanca bandidos e tem todo o tipo de aparato tecnológico a seu favor? Tem quem diga que você é uma espécie nova de arma do governo, mas quando eu te revi hoje soube de imediato quem você era, o seu olhar dizia tudo, era o mesmo que eu tinha visto ontem.
  Eu fico quieto tentando processar tudo, é difícil de engolir.
  - Sabe, ninguém pode fazer nada contra você, quem se atreveria a acusar o dono da cidade? Ninguém é louco o suficiente, eu não sou, não tenho nada contra você, você é só mais um cliente, entende?
  Faço um grunhido, não digo nada, não tenho nada a dizer.
  - Imagino que as coisas que eu te disse valham de alguma coisa, seria bom ter um dinheiro extra.
  - É, você já falou sobre a sua família, não precisa mais repetir o seu discursinho de bom garoto se sacrificando pela família. Você será pago.
  - Certo, certo. – Ele responde, parecendo aliviado agora que conseguiu confirmar que vai receber seu dinheiro. Ele puxa um maço de cigarros do bolso da calça (como ele consegue guardar alguma coisa dentro de uma calça tão justa?) e coloca um cigarro na boca.
  - Onde fica o acendedor nessa coisa? – Pergunta amigável. Ele é charmoso e o sorriso safado dispara meu coração.
  Eu arranco o cigarro da boca dele e atiro pela janela.
  - Sem cigarros. – Digo secamente.
  - Certo, certo, chefia! Você que manda, se o senhor não gosta de nicotina é meu prazer atender a uma ordem sua. – O sorriso safado em seu rosto significa o mundo todo pra mim, me parece a melhor das sensações ver o sorriso canastrão desse jovem charmoso, me dá mais prazer do que qualquer coisa que eu consiga me lembrar.
  Eu viro a cabeça em sua direção e dou um meio sorriso tímido pra ele, ele sorri de volta e finalmente parece que alguma intimidade está surgindo entre nós. Estou feliz e de repente todos os problemas relativos à minha identidade secreta não mais tão secreta assim parecem sumir, só existimos nós dois nesse momento e o mundo é perfeito assim.
  Ele alisa a minha armadura, como se estivesse tentando me bulinar, ele percebe que a tentativa é um tanto quanto patética, mas imagino que seja prática do negócio em que ele está envolvido, ele percebe que eu estranho a prática dele e ele começa a rir, eu não consigo rir, mas sorrio e solto um grunhido que lembra remotamente um risada, preciso reaprender a sorrir.
  Chega de hipocrisia, vou para casa, coloco uma venda nele, enquanto atravessamos a minha caverna, chegamos ao meu quarto, nenhum empregado, o mundo é perfeito. Retiro a venda dele.
  - E então... O senhor gosta de bater só em bandidos ou também gosta de espancar quem o senhor traz para a sua cama? – Ele me pergunta o jeito mais charmoso do mundo.
  - Depende, só se você gostar de apanhar. – Eu respondo flertando, meu sorriso se saiu muito melhor dessa vez, estamos ficando bons nesse jogo. E vou tirando minha armadura, são muitas peças, é demorado, é complicado, é sensual até. No meu rosto há maquiagem, preciso de um banho, decido que não quero transar com ele no momento.
  Ele faz menção a tirar a roupa, mas eu não deixo, eu tiro as roupas dele, adoro fazer isso. Quando tiro as botas que ele usa percebo que o cheiro não é dos melhores, precisamos de um banho.
  Ele é mais leve do que aparenta, eu o carrego até o banheiro, nós dois nus, ele no meu colo. Decido por um banho de chuveiro, quero olhar cada centímetro do seu corpo. Ele olha para a banheira que é imensa com um olhar de desejo... Eu quero agradar e começo a enchê-la... Ele faz investidas sexuais, mas resisto. Eu não quero, não hoje. Hoje tudo que eu quero é beijar, tocar o seu corpo e me esfregar contra ele. Seu corpo não é exatamente musculoso, há o contorno dos peitorais, mas não há definição, ele é macio, forte, mas não musculoso, não exatamente esguio, parece que está na beira de tudo, é suave, desejável, perfeito.
  Nós nos beijamos a noite inteira, sem pressões, toques, carinhos, sem sexo. O mundo é perfeito assim. Quando reparo já amanheceu, não estou satisfeito, quero continuar, mas ele me interrompe.
  - Preciso voltar, raramente fico fora até tão tarde assim. – Ele me diz ansioso.
  - Fique, eu te pago o quanto você quiser. – Respondo, não quero que a nossa noite acabe agora, está tudo perfeito. Não quero que ele deixe o meu quarto, nunca! Quero que essa noite dure para sempre.
  - Meu pai vai começar a ficar preocupado, coisas vão acontecer. – Ele aparenta estar realmente nervoso.
  - Seu pai sabe então que você faz isso? – Pergunto tentando parecer despreocupado ao perguntar.
  - “Isso” que você pergunta seria prostituição? Você pergunta se ele sabe que eu me prostituo?
  - Exato! - Digo eu tocando-o, mas repentinamente ele repele minhas investidas.
  - Lógico que ele sabe. Ele é meu cafetão, ele fez com que eu começasse a me prostituir aos 11 anos. – Ele responde como se fosse algo trivial, como se estivesse falando de um pai que coloca o filho pra ajudar nas tarefas domésticas, o que mais assustava ali é que ele estava preocupado mesmo é com não chegar em casa na hora certa, como se esse sim fosse o grande problema.
  - Eu já te disse, te pago o quanto você quiser, liga pra ele, diga que o filhão dele conseguiu um bom trabalho e não deve voltar dentro de alguns dias. – Eu estou um tanto chocado pela forma com que ele vive, mas no momento estou mais preocupado em mantê-lo perto de mim e o agarro e beijo.
  - Não posso, ele vai pensar que eu fugi ou que eu estou tentando fugir dele. Se eu não aparecer logo em casa com algum dinheiro ele vai aprontar alguma. – Ele se desvencilha dos meus beijos e começa a xeretar o telefone celular em busca de alguma coisa, parece aliviado.
  Continuo insistindo, mas ele não cede. Eu tento comprá-lo, mas ele quer partir mesmo assim. Pergunto a ele se ele vai manter segredo de todos, ele afirma que sim, eu o vendo e o levo até a garagem, percebo que não é o melhor momento para sair naquele carro, já é dia claro. Estou confiante nesse dia, o levo até a garagem, não há ninguém de plantão, em circunstâncias normais eu ficaria bravo, mas melhor assim. Eu o coloco dentro de um carro qualquer, dou uma quantia de dinheiro muito acima do combinado, ele parece feliz de receber o dinheiro. É isso que eu sou para ele, um grande caixa eletrônico, mas na me importo, se dinheiro é a ferramenta para ter o que eu quero, então eu não ligo. Pergunto onde ele quer que eu o deixe, ele me dá uma direção, eu paro um pouco antes e dou um último beijo, ele retribui, meu coração dispara. Então eu pergunto:
  - Quando eu te vejo de novo?
  - Quando você quiser, você sabe meu local de trabalho, meu escritório.
  - Eu não quero esperar tanto, depois de falar com o seu pai em quanto tempo a gente pode se ver de novo? – Eu pergunto ansioso, eu sou patético mesmo, não me importo agora, estou embriagado dele.
  - Quando você quiser, mas eu gostaria de dormir. Já te disse, você sabe onde me encontrar. – Ele parou de usar aquele charme canastrão, mas me pareceu ainda mais sedutor agora.
  - Eu não gosto de dividir as coisas, eu não quero te dividir, quero você só pra mim. – Percebo o quanto soei patético e desesperado, por isso acrescento:- Essa semana, quero você só pra mim essa semana.
  - Pode ser então. – Ele me beija rápido na boca.
  - Que tal viajar com você? Eu não posso, em tese, mas na verdade posso fazer o que quiser, não preciso prestar contas a ninguém. Só eu e você. Te garanto que vai ser a melhor semana da sua vida. – Digo como um bobo, não ligo. Imagino que ele escute isso o tempo todo.
  - Olha, isso é muito gentil, mas eu não posso ficar tanto tempo assim longe de casa. – Ele me parece com realmente muita pressa.
  - Eu estou falando sério. É aquela história dos seus irmãos? – Pergunto ostensivamente chateado e enciumado.
  - É isso aí, por causa deles eu não posso viajar, meu pai me deixaria viajar com qualquer um desde que o dinheiro fosse bom, mas eu não posso.
  - Qual o problema afinal? – Eu pergunto, mas já desconfio da resposta.
  - Não é da sua conta, se você quiser aparece mais tarde no meu ponto. – Ele tenta abrir a porta à força, mas ela está trancada e só eu posso destrancar.
  - Não, você aparece na hora que eu quiser e eu já tenho a hora que quero ver você. Quer jantar com você essa noite e passar uma noite decente juntos.
  - Tanto faz, eu preciso ir. – Ele continua a tentar abrir a porta à força e começou a cutucar o painel de madeira do carro à procura do botão que irá destravar a porta.
  - Se eu quiser eu compro você do seu pai. – Respondo.
  - Não duvido. – É tudo que ele diz e continua sua procura infrutífera.
  - Pare com isso, eu vou deixar você sair. Vamos, não aja assim comigo. Tenha um pouco mais de calma comigo. – É o máximo que eu consigo dizer, não consigo pronunciar um pedido de desculpas.
  - Tudo bem. – Ele diz friamente, vou em direção à sua boca para beijá-lo e ele desvia, beijo seu pescoço, não me importo beijo seu pescoço molhadamente até chegar à sua boca. Devo parecer extremamente patético a seus olhos.
  - Olha, eu não sou a Julia Roberts... – É tudo o que ele diz e olha na direção oposta.
  - Quem? – Eu não faço ideia do que ele está falando. É uma atriz, imagino, conheço o nome, depois eu procuro saber o que ele quer dizer.
  - Tanto faz, pense com carinho na proposta e eu não quero dividir você com ninguém, não enquanto você estiver comigo. – Eu falo carinhoso, seguro o seu queixo e o beijo.
  - Tudo bem. – Ele diz. Ele na parece ter aversão aos meus beijos, na verdade parece gostar, talvez seja eu delirando, mas tenho a impressão de que ele gosta do que estamos fazendo, mas alguma coisa o repele.
  Eu dirijo até onde ele quer descer, já tem algumas pessoas andando na rua, são quase seis e meia. Ele me beija, eu me derreto, ele desce do carro e acena pra mim. Eu aceno de volta, mas ninguém pode me ver acenando, o carro é totalmente esfumaçado, eu não ligo. Tanto faz, volto para casa, vou dormir, durmo feliz e satisfeito pelo que me lembro essa é a primeira vez, nunca me senti dessa forma.

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