domingo, 31 de julho de 2011

Inception (A Origem) - Impressões



  Terminei de ver o filme, fiquei bem wowed, a tensão era tamanha que fiquei segurando pra não ir ao banheiro fazer xixi por mais de 30 minutos. Estranho começar qualquer coisa desse jeito, mas é assim mesmo que eu quero, é essa a sensação que o filme passa, você não pode desgrudar os olhos da tela por um segundo sequer com medo de perder uma sequência ou sair e perder o fio da meada.

  Aluguei Inception por ser um dos poucos filmes indicados ao Oscar de melhor filme da temporada passada que ainda não tinha visto. E que filme!! Puxa... E nem falo de roteiro, o filme tem várias sacadas geniais, mas o roteiro é fraco, tem vários furos, é baseado na ciência nos momentos em que precisa, nos momentos em que não precisa a ciência é descartada (nada de errado nisso, a obra final é sempre mais importante e eu acredito que os autores devem fazer uso dos recursos que quiserem e na hora em que quiserem se o resultado final for bom).

  Me sinto espantado novamente por "O Discurso do Rei" ter ganhado o Oscar de melhor filme, blábláblá, "O Discurso do Rei" fala sobre a necessidade universal do homem em se comunicar e outros mimimis, mas mesmo assim todos os outros concorrentes são melhores que "O Discurso do Rei". IMO que vença o melhor, não o com o tema mais adequado (e eu tenho sérias dúvidas a respeito dessa afirmação).

  Não vou resumir Inception, qualquer um pode resumir o filme. O importante é saber que o filme acima de tudo toca em um dos pontos mais delicados dos dias atuais: REALIDADE!! E, o que diabos é realidade? O dicionário Aurélio poderia te dar uma boa definição, mas eu sugiro que você pegue essa resposta e jogue no lixo. Ninguém mais sabe o que é realidade. Ninguém. NINGUÉM!!

  Uma frase que eu gostava muito de usar era: Não é por ser virtual que passa a ser menos real (para me referir a amigos online, cujas amizades me parecem por vezes muito mais sólidas que aquelas com pessoas que lido fisicamente). E eu acho que esse é um bom ponto de começo para essa reflexão.

  Antigamente os pais se preocupavam se os filhos não passavam muito tempo na frente da televisão, se eles não estariam deixando de viver a vida de verdade para vegetar em frente a uma televisão.  Eu como leitor voraz que durante a adolescência costumava devorar 60 livros por ano não posso deixar de admitir que leitura também é um vício e válvula de escape, mas livros são glamurizados, todos os livros são benéficos? Todos trazem apenas pontos positivos para nossas vidas? NÃO!! Livros são overrated, em excesso eles podem trazer tanto mal quanto internet, televisão, drogas ou qualquer válvula de escape. Lógico que eu não diria isso para um imbecil que nunca leu um livro inteiro na vida, mas é uma realidade que poucas pessoas admitem. E isso nos traz de volta ao nosso tema: Inception.

  Inception fala sobre usar os sonhos para manipular a mente dos outros, mas principalmente questiona o conceito de realidade. Como já disse antes, a ideia daquilo que é real está muito fragilizada nos dias atuais, é meio difícil dizer com certeza que essa vida que levamos (ou que achamos que levamos) é a realidade absoluta que e sonhos são apenas peidos da mente. Com o avanço da ciência a principal questão do homem sem margem alguma de dúvida passou a ser definir aquilo que é real de verdade, se aquilo que se toma como realidade é válido de verdade, se não é melhor viver plenamente uma fantasia do que amargar uma realidade dolorosa. 

  Obras como Evangelion (lindamente), Matrix (porca e superficialmente, afinal, os efeitos especiais e tiros desenfreados são mais importantes!!), Os Invisíveis (nunca li tudo, mas sem dúvida é das obras que trata o tema com maior respeito e profundidade), xxxHOLiC (mangá que começa sério e infelizmente se perde nos devaneios das autoras), Astral Project, Os Livros da Magia (a série) e sem sombra de dúvida muitas outras que não estou lembrando agora tratam do tema, Inception é mais uma delas.

  Inception é um bom filme, ele me tirou da minha zona de conforto e me colocou pra pensar sobre esse assunto tão interessante que aflige a geração adulta atual (uma vez que os adolescentes atuais não se preocupam mais com isso, preferem viver do melhor jeito possível sem se preocupar se é real ou não, basta curtir e aproveitar o momento, o resto que se foda, perguntas e respostas que fiquem para quem se dispuser a procurá-las), tenho que admitir que não acho Inception o melhor filme da safra, mas é o melhor tema abordado sem sombra de dúvida, mas infelizmente é um diamante em estado bruto que deveria ter sido mais trabalhado antes de ser lançado. O filme todo foi muito bem produzido, elenco em sincronia, câmera perfeita, efeitos especiais lindos (um pouco falsos, admito), mas o roteiro e a estrutura do filme poderiam ter sido melhor trabalhados, a sensação é de que ficou faltando alguma coisa, parece a sombra de algo que poderia ter sido bem maior. Ah, o final, o final foi simplesmente perfeito, um mindfuck belíssimo pra deixar muita gente sem dormir.